sexta-feira, 20 de agosto de 2021

CIDADES SUSTENTÁVEIS - ANO 06 - EDIÇÃO 73 - AGOSTO DE 2021


Imagine uma cidade moderna, onde todos os recursos são aproveitados. As pessoas caminham por todo 
o seu território, as ruas são limpas, seguras, os edifícios e carros são inteligentes e aproveitam recursos naturais como o sol, água, vento e outras fontes renováveis.

O que parece um cenário de filme futurista, de ficção científica, já existe. Cidades como Freiburd (Alemanha), São Francisco (EUA) e Vancouver (Canadá) já adotaram o modelo e já obtém resultados expressivos, sobretudo, na qualidade de vida de seus cidadãos. Na América Latina, as cidades de Cochabamba (Bolívia) e Curitiba- PR também estão na lista. Elas estão em conformidade com os “Dezessete Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, traçadas em conjunto pelos 193 países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU).

Criada em 2015, os objetivos fazem parte de uma agenda, assinada por 193 países, que deverá ser implementada até 2030. Entre as metas estão itens como a erradicação da pobreza, agricultura sustentável, água potável e saneamento básico; também estão inclusas na lista a produção de energia limpa, cidades e comunidades sustentáveis e o consumo e produção responsáveis.

Segundo o administrador e pós-doutor em Administração, Júlio Rezende, há pelo menos cinco anos existe um debate internacional intenso sobre o progresso do mundo e o futuro da vida no planeta. As cidades sustentáveis fazem parte de um conjunto de iniciativas que conferem às zonas urbanas responsabilidade com o meio ambiente e devem envolver pessoas e incluir ações nas áreas de gestão e tecnologias que sustentam a nova denominação.

“Esse tema ganha ainda mais importância neste momento, em que pensamos na recuperação das cidades no pós-pandemia. Precisamos pensar em estratégias para cidades mais saudáveis, que propiciem uma rápida recuperação de pessoas sequeladas por problemas de saúde resultante do confinamento”, diz.

ONDE COMEÇAR

Na área de gestão, Rezende recomenda fazer análise racional e holística dos principais gargalos que envolvem o município. Para tanto, seria preciso buscar referenciais de boas práticas de gestão e comparar índices de cidades que apresentam perfis semelhantes. Outras soluções, como as desenvolvidas pelo projeto Bio Habitate — em funcionamento no município de Caiçara do Rio do Vento-RN — também são promissoras para o pesquisador. Nele são desenvolvidas tecnologias para tratar e reaproveitar “águas cinzas” (advindas dos chuveiros e pias), com posterior utilização em áreas urbanas (limpeza) e até mesmo para gerar alimentos.

“A produção nas cidades, chamada ‘agricultura urbana’, apresenta um importante ponto na agenda das cidades sustentáveis. Envolvem a produção de alimentos mais saudáveis e proporcionam melhoria nutricional, geração de ocupação (renda), aprendizado sobre produção orgânica e visão socioambiental”, exemplifica.

INVESTIMENTO

Para Davi Bertoncello, CEO da Tupinambá Energia, as cidades sustentáveis são importantes para o país, sobretudo, por incidir na qualidade de vida da população. Ele revela dados da consultoria de mercado “Hello Research Cidades Inteligentes”, de 2019, em que apenas 6% dos entrevistados descreveram sua cidade como ótima para viver e 35% como sendo boa.

Nesse contexto, cresce a importância das cidades inteligentes, com a melhora da segurança pública, mobilidade, empregos, habitação e opções de lazer. O CEO explica que as cidades inteligentes incluem fatores sociais e ambientais, com o uso de recursos naturais renováveis, diminuição de gases que provocam o efeito estufa, eficiência energética e gestão de resíduos.

“Cidades sustentáveis consideram em suas políticas públicas ações que melhoram as relações de trabalho, diversidade, inclusão social e direitos humanos. Esses aspectos, somados, geram um ambiente de investimento positivo, atraindo empresas, além de gerar benefícios em melhores serviços para os cidadãos e arrecadação ao governo”, diz.

O executivo chama atenção ao fato de o planeta estar com 60% da população concentrada nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Além disso, prevê aumento das megacidades, cuja população ultrapassa 10 milhões de habitantes.

A solução, para eles, seria o Brasil criar políticas públicas que agreguem o que chamou de hélice quádrupla. O modelo inclui a união entre 1) empresas; 2) governo, 3) academia (universidades) e 4) terceiro setor. “Até 2030 teremos 41 cidades desse tipo no mundo, e essa rápida urbanização exerce pressão sobre a oferta de recursos naturais. Porém, diferente de qualquer outra época, hoje o cenário é propício para gerar benefícios, por meio da inovação e eficiência”, avalia.

FONTE: SANTOS, L. REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, ANO 32 Nº 142 MAIO/JUNHO 2021 p. 24 - 27.

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