domingo, 16 de maio de 2021

GATILHOS DOS NOVOS TEMPOS - ANO 06 - EDIÇÃO 70 - MAIO DE 2021





Denominado pelos meios de comunicação, e pela população em geral, como o ‘novo normal’, o atual cenário econômico tem mostrado que a digitalização de processos e as vendas pela web vieram para ficar. Levantamento realizado pela empresa de inteligência de mercado, NZN Intelligence, de agosto de 2020, revelou que 74% da população, com acesso à internet, prefere realizar as compras on-line, em detrimento às presenciais. 

Muito além das vendas via sites e aplicativos para celular, as redes sociais também aparecem como importantes canais de vendas que ganharam o gosto popular. Elas têm sido utilizadas por empresas de diferentes portes para aumentar seus lucros, bem como por ‘vendedores solos’ ao apresentar seus produtos e novas tendências aos consumidores.

De acordo com o pesquisador da instituição de ensino IBE/FGV, Victor Corazza, a utilização de estratégias que unem diferentes canais de comunicação e vendas (Omnichanel) tem sido fundamental para obter êxito no mercado, em razão das dificuldades impostas pelo isolamento social. No entanto, ele destaca que o fenômeno da diversificação já existia e que apenas foi intensificado durante o fenômeno sanitário. 

“A utilização dos chamados omnichannels é interessante, pois os consumidores estão cada vez mais conectados e, por isso, a ponte entre os mundos virtual e físico é cada vez menor. Utilizar múltiplos canais reduz o risco da impossibilidade de um deles falhar ou ser impedido, como foi o caso das vendas presenciais durante a pandemia”, destaca. 

Corazza explica, no entanto, que independente da estratégia a ser aplicada, a empatia (ato de colocar-se no lugar do outro) é a principal fonte de sucesso nas vendas, seja on-line ou presencial. Nesse caso, o termo se traduz em facilitar a vida do consumidor: seja no processo de busca pelo produto, na apresentação de informações relevantes (visuais e descritivas), facilitação do pagamento e no acesso à compra (entrega).

 O pesquisador também chama atenção ao amadurecimento do PIX que pode mexer com o mercado, hoje dominado pelas máquinas de cartão de crédito e débito. Lançado pelo Banco Central, em novembro de 2020, a ferramenta está disponível nos aplicativos de todos os bancos brasileiros e permite — atualmente de forma gratuita — transferir dinheiro e realizar pagamentos. 

“As empresas de máquinas de cartão de crédito devem se manter atentas para não serem ultrapassadas por concorrentes, em sua maioria startups, e pela nova ferramenta (PIX) que chegam ao mercado, com uma velocidade de resolução de problemas muito grande. O caso do PIX ilustra bem isso, pois um comerciante que não aceitava cartões de crédito ou débito, por causa das taxas, agora pode utilizar o recurso de forma muito mais barata e com a mesma entrega de valor ao cliente”, avalia.

 Marketing na web 

A administradora e especialista em marketing digital, Jéssica Nery, confirma o papel das múltiplas ferramentas digitais durante a pandemia. Além das redes sociais, em especial WhatsApp, Facebook e Instagram, o PIX também pode, segundo ela, mudar os rumos do mercado nacional. 

Jéssica destaca, no entanto, que é preciso utilizar o mundo digital de forma correta para obter os resultados esperados. Do contrário, uma estratégia mal feita teria efeito contrário (prejuízos), devido ao potencial de disseminação de notícias negativas sobre a empresa. 

Sobre o papel das redes sociais no marketing, ela destaca que funcionam como espécie de catálogo de produtos e que podem disseminar positivamente a marca da empresa, tornando-a mais próxima do cliente. A especialista dá dica e aconselha mostrar os bastidores do empreendimento e vídeos sobre como utilizar cada item. 

“As pessoas não compram apenas o produto, elas compram o resultado. Por isso, não basta vender, tem que apresentar o resultado (benefício) que aquele item pode causar na vida do potencial cliente”, destaca.

 A administradora também aconselha aqueles que estão começando no mundo digital a cuidarem da imagem do produto, com fotos e vídeos em alta resolução, luz adequada e edição correta. Destaca, ainda, que o cliente compra o que vê, por isso as imagens na internet devem seguir a mesma lógica das vitrines de qualquer loja física: sempre arrumadas e com apresentação do produto da melhor forma possível. 

A humanização da empresa também é importante, segundo a especialista, pois incide diretamente na venda. Ao ver pessoas e saber quem são os proprietários e vendedores, bem como informações positivas sobre eles na web, isso transmite credibilidade e confiança aos consumidores. 

Outro ponto importante, descrito por ela, é promover interações com os clientes, por meio de stories e canais de comunicação. Além de quebrar barreiras interpessoais, também podem torná-los divulgadores do produto, da empresa e da marca.

 “Além disso, quanto mais você faz o seguidor interagir, mais os algoritmos dos sites de busca mostram o seu produto a outras pessoas. É importante, também, gerar conteúdo para educar seu público, pois se der conteúdo interessante, isso desperta atenção e depois o produto vende por si só”, finaliza.  

FONTE: SANTOS, L. REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, ANO 32 Nº 141 MARÇO/ABRIL 2021 p. 16-18.

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