As fintechs, startups voltadas ao segmento financeiro, vieram para
revolucionar o setor no Brasil. Resultado dos avanços tecnológicos ocorridos
com a Quarta Revolução Industrial, elas já competem em pé de igualdade com as
instituições tradicionais.
Ávidas por um público cada vez mais numeroso, que não suporta mais
burocracia ao resolver problemas — como abertura de conta e autorização para
gerenciar e adquirir serviços —, as fintechs tornaram-se opção de boa parte dos
brasileiros. Apenas no segmento bancário, instituições como Nubank, Banco Inter
e Banco Original, juntas, já possuem mais de 20 milhões de clientes.
Para o diretor executivo de ‘Tecnologia da Informação, Produtos e
Operações’, do Banco Original, Raul Moreira, as necessidades dos consumidores
mudaram. Por isso, instituições digitais vieram ocupar um espaço antes pouco
explorado no mercado.
“As pessoas buscam a digitalização e querem processos mais simples.
E isso também reflete no sistema financeiro”, diz. De acordo com a Finnovation,
blog que mapeia o crescimento das fintechs no Brasil, o número de startups
especializadas nos mercados bancário, de pagamentos e de crédito é bem maior.
No final de 2019, elas já somavam 504 empresas, com crescimento de 34% em
relação ao ano anterior (377 instituições, em 2018).
O setor de pagamentos é o que concentra o maior número de
empresas, com 26%. Em seguida vem o setor de crédito, com 17%. Ao considerar,
individualmente, cada segmento das startups financeiras, o mercado B2B (entre
empresas) foi o que apresentou maior crescimento, de 48% para 61%. Parcerias no
relacionamento entre instituições financeiras tradicionais (bancos e empresas
de crédito) e as fintechs, nem
tudo é competição — de acordo com o gerente executivo de negócios
digitais, do Banco do Brasil (BB), Daniel Régis Filho. Ele conta que existem
startups que procuram as instituições tradicionais para firmar parcerias.
“Há muitas fintechs sendo compradas por grandes bancos, mas existem
também parcerias. De um lado, os bancos procuram obter conhecimento sobre
tendências digitais e sobre quem é o público que busca essas startups. De
outro, as fintechs buscam aporte financeiro para financiar seus projetos e
expertise sobre o mercado bancário”, revela.
De acordo com o website do Nubank, o êxito das startups bancárias
ocorre em razão de oferecerem “soluções financeiras inéditas, menos
burocráticas, mais intuitivas e práticas” — tudo pode
ser resolvido pelo smartphone. Porém, outro fator de atração são os baixos
custos de manutenção da conta bancária.
De acordo com o “Tarifômetro”, ferramenta de medição de taxas do
Banco Inter, o brasileiro economiza, por ano, cerca de R$ 1 bilhão com taxas e
tarifas bancárias, ao utilizar serviços das novas instituições financeiras.
Em produtos como cartões de crédito, sem anuidade, e contas
digitais gratuitas, elas também oferecem transferências interbancárias
gratuitas e geração de boletos digitais (com a finalidade de depósito ou
recebimento de pagamentos) sem custo para o cliente.
As fintechs também estimulam seus clientes a investirem em
soluções de aplicação, como a tradicional poupança e, também: em renda fixa,
ações (em bolsas de valores), e previdência privada. O grande apelo comercial
é, no entanto, a facilidade de o cliente resolver tudo pelo app ou site, sem
ter de sair de casa.
De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Caio
Ramalho, há uma conjunção de fatores sociais e econômicos que, juntos,
resultaram no sucesso das empresas 100% digitais. Uma delas seria a entrada da ‘geração
Z’ (nascidos entre 2001 e 2010) no mercado de trabalho.
O professor lista, ainda, outros fatores para o êxito das fintechs,
tais como a democratização dos dispositivos de comunicação — em especial os
smartphones —, a fluidez de informações no mundo e a aceleração de tecnologias,
que melhorou o acesso e a qualidade dos meios de comunicação.
“Quando eles nasceram, a internet já existia. Além disso, o cenário
trazido pela Quarta Revolução Industrial potencializou, em substância
(quantidade) e velocidade, os processos que acontecem hoje em dia”, explica.
A ‘geração Z’ herdou da geração anterior, a ‘Y,’ a capacidade de
ser adaptável em ambientes digitais. E eles foram ainda além: compram pela
internet desde produtos mais simples e portáteis (que cabem na palma da mão),
até carros e imóveis.
Também consomem serviços de música e filmes (via streaming), bem
como pesquisam inúmeros assuntos na rede, antes mesmo de terem uma definição
clara sobre o objeto que buscam. E mais: ainda comercializam o tempo — não como
meio de serem remunerados por qualquer trabalho, mas como moeda de escambo (o
tempo de um, pelo tempo de outra pessoa).
“É realmente um momento ímpar, na história da humanidade, o que
vivemos neste momento. O mais interessante é que ninguém se arrisca a dizer o
que vem pela frente, pois os paradigmas estão caindo muito rapidamente”, resume
o professor.
FONTE: SANTOS, L. REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, ANO
31 Nº 134 JANEIRO/FEVEREIRO 2020. p 36-39
RESENHANDO:
As fintechs é uma revolução
no parâmetro de startups, pois se molda a uma realidade em que tempo é dinheiro
e a facilidade de resolver todos os problemas sem burocracia pela internet e
sem sair de casa é uma das vantagens de estar no mercado digital. Atualmente,
fazem parte deste mercado: bancos, plataformas de streaming e etc. As novas
gerações e a Revolução 4.0 impulsionam a potencialização de novos horizontes
visando à comodidade dos clientes.
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