quarta-feira, 17 de março de 2021

INDÚSTRIA DO STREAMING - ANO 06 - EDIÇÃO 68 - MARÇO DE 2021



Sucesso entre o público brasileiro, de diferentes faixas etárias, o mercado de streaming cresceu de forma vertiginosa e já ameaça destronar, de vez, os meios de comunicação tradicionais, como rádio e TV. Acelerado pelo período de isolamento social, o fenômeno foi impulsionado, sobretudo, pelo home office e pelas paralisações escolares ocorridas em razão da pandemia. 

Segundo pesquisa realizada pelo instituto Nielsen Brasil, em parceria com a consultoria Toluna, 42,9% dos brasileiros disseram consumir todos os dias programações oferecidas em plataformas como Netflix, Amazon e GloboPlay. Outros 43,9% consomem a programação via internet, pelo menos uma vez por semana. Somados, o público do streaming (diário e semanal) totaliza 86,7%. Na outra ponta, 61,5% dos consultados disseram assistir também as programações de TV aberta (61,5%) e TV a cabo (54,9%).

O público entre 24 e 35 anos é o que mais utiliza o serviço, sendo preferido por 77,2% dos entrevistados. Para a população com mais de 56 anos, a TV a cabo foi a escolha favorita (65,7%), e a TV aberta aparece como escolha do público entre 46 e 55 anos (62,9%).

Para o administrador e pesquisador Sidnei Castilhos, os números refletem a mudança proporcionada pela maior oferta de internet e o elevado valor das mensalidades de TV por assinatura. 

Outro elemento apontado por ele, como determinante na mudança de hábito é a possibilidade de assistir a programação quando e onde estiver. “Temos, ainda, outros fatores que ilustram esses números que são: a possibilidade de o consumidor escolher sua programação e o baixo custo das assinaturas dos serviços de streaming, em comparação às TVs a cabo. A variedade de títulos, entre filmes, séries e shows, também é muito superior aos modelos tradicionais de oferta”, diz.

TENDÊNCIA 

De acordo com Marcelo Spinassé, CEO da Encripta — desenvolvedora de plataformas de vídeo para empresas —, o consumo de TV aberta tem caído de forma acentuada no exterior e, por outro lado, há o crescimento expressivo de atrações transmitidas pela internet. Ele conta que nos EUA o número de usuários que possui o serviço de streaming já ultrapassa 80% da população americana. 

No Brasil, Marcelo diz que o mercado continua em expansão e revela que sua empresa teve crescimento de 500% nos primeiros 45 dias da pandemia. Após o pico, mesmo com o decréscimo em razão da reabertura do comércio, a Encripta ficou com demanda superior a 25%, em relação a antes da pandemia.

“Além do fato de as pessoas estarem casa, em virtude do isolamento, as plataformas de streaming fizeram promoções e atraíram mais clientes. Isso gerou um aumento mais significativo que no período antes da pandemia.

Porém, o mercado já vinha dando sinais da mudança de hábito, com forte influência da tecnologia”, relata. 

MERCADO

Spinassé explica que o mercado de streaming é profícuo e funciona de acordo com cada tipo de oferta, sendo mediado por assinatura ou não. Entre os exemplos existentes, destaca o SVOD (Subscription Video On Demand), o Transactional Video On Demand (TVOD) e o AVOD (Advertising Video On Demand). O SVOD são os serviços que exigem assinatura e o consumidor pode assistir toda a programação à vontade.

Serviços como Netflix, Amazon Prime e Looke são exemplos dessa categoria e são os preferidos pelo público, em razão do custo-benefício. Na sequência, o TVOD é representado por plataformas como Itunes, Google Play e também o Net/Now. A categoria apresenta filmes mais recentes, que saíram há pouco do cinema, e o consumidor pode alugá-los ou comprá-los. 

O segmento de locação e compra, segundo Spinassé, foi fortemente impactado com a expansão do mercado de streaming, caindo até 70% em sua base de clientes, sobretudo, nos últimos dois meses. Além disso, ao não apresentar novos conteúdos, por causa da paralisação pandêmica nos estúdios de cinema, houve a diminuição do número de atrações e ofertas.

Na esteira das novidades disruptivas, ainda há espaço para novos tipos de formato. A última delas é plataforma AVOD, em que o consumidor faz seu registro no serviço, mas não paga mensalidade e nem precisa alugar ou comprá-lo, ao invés disso, ele assiste publicidades que custearão o serviço, tornando-o 100% gratuito.

“O mercado ainda apresentará muitas novidades, em termos de conteúdos, com a consolidação do 5G no Brasil. Há sempre a busca por criatividade e qualidade, além é claro da facilitação e da comodidade em termos de acesso”, finaliza.

FONTE: SANTOS, L. REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, ANO 31 Nº 139 NOVEMBRO/DEZEMBRO 2020 p. 16-18.

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