sexta-feira, 11 de outubro de 2019

EMPRESAS PLURAIS - ANO 04 - EDIÇÃO 40 - ABRIL DE 2019


O quadro de executivos das empresas brasileiras é composto por 13% de mulheres, 4% de negros e 0,6% de pessoas com deficiência. A decisão de compra nas famílias é feita por mulheres na proporção de 61%; o “pinkmoney”, dinheiro movimentado pela comunidade LGBT, soma cerca de R$ 420 bilhões por ano somente no Brasil. Enquanto as corporações ainda engatinham para incorporar a diversidade entre seus quadros superiores, o mercado mostra que ignorar esse segmento pode custar caro. A McKinsey&Company, empresa americana de consultoria, estuda há anos a diversidade no local de trabalho. Em 2015, publicou o relatório “DiversityMatters” (em português, “A Diversidade é Importante”), no qual analisou dados de 366 empresas de capital aberto no Canadá, América Latina, Reino Unido e Estados Unidos. O estudo procurou demonstrar como a diversidade impacta no desempenho financeiro das empresas. Evidenciou-se que as que promovem a diversidade racial e étnica, por exemplo, estão 35% mais propensas a obterem retornos financeiros acima da média nacional de seu setor. Outras pesquisas também demonstram o impacto (positivo) da diversidade nas companhias. Estudo promovido pela Harvard Business Review, em 2016, mostrou que organizações que trabalham com políticas de diversidade têm 45% mais chances de aumentar a participação de mercado durante o ano. Outro estudo, dessa vez do banco CreditSuisse, de 2017, apontou que empresas que trabalham com políticas globais para o público LGBT registraram um crescimento no lucro 6,5% maior nos últimos 6 anos, quando comparado aos concorrentes que desprezam a diversidade. A consultoria HayGroup mostrou em outro estudo, de 2015, que os funcionários estão 17% mais engajados e 75% deles reconhecem que tem espaço para inovar quando estão inserido em empresas onde a diversidade é reconhecida e praticada.
MUDANDO PENSAMENTOS
 A Ebanx, empresa com sede em Curitiba, que processa transações de pagamento de sites como AliExpress, Airbnb, Udacity e Spotify, tem trabalhado cada vez mais com políticas de diversidade. De acordo com BerykSalab, business partner da entidade, os números do RH são o primeiro indicador para fortalecer um projeto como esse. “Ao analisar o nosso público interno, suas características e a organização de base tecnológica, percebemos que, se não fizéssemos esforços para promover inclusão de gênero e de raça, por exemplo, ela poderia não ocorrer naturalmente”, conta. Tal constatação levou à criação de uma regra: quando a empresa vai recrutar candidatos para qualquer vaga, é preciso haver pelo menos uma mulher entre os selecionados para a entrevista final. “Embora recente, depois dessa regra já trouxemos uma sênior manager e uma diretora, posições super estratégicas de liderança”, ressalta Beryk. “Claro que, ao adotarmos uma regra dessas, de sempre ter mulheres entre os candidatos finalistas, acaba sendo mais demorado, porque ainda temos menos mulheres em posições de liderança. Mas todas as candidatas que apresentamos são muito competentes, não deixam a desejar em nada aos candidatos do sexo masculino”, garante a business partner da Ebanx. Diego Godoy, headhunter da Recrutamentofacil.com tem um posicionamento diferente. Para ele, a competência profissional não tem nada a ver com opção sexual, gênero ou religião. “A diversidade é uma mudança de pensamento, de comportamento. E isso deve ser um processo social, desde a educação básica inclusiva até chegar ao mercado de trabalho. Ou seja: antes e fora da empresa. E dentro das corporações o que se deve desenvolver é uma cultura de aceitação, tolerância e respeito por todos, independente do cargo que ocupam ou de gênero, raça ou credo”, afirma. Para Godoy, muitas corporações confundem a diversidade com cotas. “O que mais vemos por aí são empresas dizendo que devem ter tantos por cento de mulheres na diretoria, de negros, de pessoas de diferentes orientações sexuais em cargos de chefia. Mas isso não é promover a diversidade. Isso é uma política de cotas”, afirma. Beryk concorda que a questão da diversidade vai além de contratação: é necessário que a construção de um ambiente plural seja parte da filosofia da empresa. No ano passado, por exemplo, a Ebanx promoveu a primeira semana de diversidade, com palestras, workshops, oficinas, trazendo para os colaboradores conhecimento e vivências que exaltassem o tema. “A semana fez tanto sucesso que este ano promovemos o mês da diversidade. E percebemos diversas pessoas, durante as palestras e workshops, se abrindo, sentindo-se seguras o suficiente para falar de seus credos, sexualidade, coisa que não faziam em outras empresas em que já trabalharam, por exemplo”, conta Beryk. Às vezes, ações simples têm efeito ainda mais forte. Na Ebanx, durante a Copa do Mundo de Futebol Feminino, quando a seleção brasileira joga, os funcionários são convidados a deixar o trabalho um pouco de lado, se juntam com baldes de pipoca e torcem pelas meninas do Brasil. Igualzinho ao que é feito na Copa, quando a seleção masculina joga.

RESENHANDO:
A sociedade passa por transformações continuamente e os impactos das mudanças atingem o mercado de forma rápida. Isso se deve pela evolução em massa dos padrões sociais, principalmente ao se tratar de gênero. As empresas que respeitam e aceitam seus funcionários com suas diferenças têm mais chances de lucrar, pois eles trabalham de forma segura fazendo com que produzam mais no ambiente de trabalho. Além do que, as empresas que produzem com base na diversidade acabam tendo uma grande rentabilidade como aponta pesquisas. Assim quanto mais inclusão e respeito tiver, todos só tendem a ganhar. 

ADM. CLAUDILÂNYO GONÇALVES

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